Beirute: passeio por mais de 5 mil anos de história!

Sim, há vários passeios para fazer em Beirute! Vamos passear conosco!

PASSEIOS

Não se esqueça que andando por Beirute você está fazendo um passeio por 5 mil anos de história. O subsolo da cidade, por exemplo, possui vestígios de cidades antigas construídas por diversas civilizações, entre as quais a fenícia, grega, romana, persa, árabe, contudo a expansão da cidade em tempos atuais cobriu muitos destes antigos vestígios. Para se ter uma ideia, o nível da cidade romana varia entre sete a dez metros de profundidade abaixo da cidade moderna. A pressa em reconstruir a cidade fez com que alguns desses vestígios arqueológicos continuassem em silêncio no subsolo de Beirute, cidade sete vezes destruída e sete vezes reconstruída. *  

A cidade de Beirute, mas não só ela como o Líbano todo, é um museu a céu aberto. 

  • CENTRO DE BEIRUTE – DOWNTOWN

Foi totalmente destruído na guerra, então muitos lugares foram demolidos e outros restaurados, mas a Beirute de hoje é exatamente igual à de antigamente. Os prédios mantiveram suas fachadas originais, com janelas em estilo árabe e pedras em tons terrosos. Aqui a melhor coisa é conhecer tudo caminhando e admirando a arquitetura desse lugar. 

Beirute ganhou, depois da guerra, uma infraestrutura moderna com os projetos da “Solidere” (Sociedade Libanesa para o Desenvolvimento e Reconstrução S.A.L), criada em 1994 como uma sociedade libanesa encarregada da reconstrução do centro de Beirute.

Essas duas fotos abaixo são “fotos de fotos”, ou seja, tirei de uns painéis no aeroporto de Beirute, achei muito legal porque mostra o antes e o depois da guerra.

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painel aeroporto – antes e depois da Guerra
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painel aeroporto – antes e depois da Guerra
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Downtown hoje – foto minha

 Aqui vamos ver muito a mistura de prédios novos, modernos, com os antigos.

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  • PRAÇA DOS MÁRTIRES

Marco zero de Beirute e a maior praça do Líbano.

Tem esse nome porque em 1915/1916 os turco-otamanos enforcaram neste local 16 líderes nacionalistas árabes que eram contra a ocupação. Por isso, a partir dessa data, o local passou a chamar-se “Place des Martyres”. *

No centro da praça, tem uma estátua que foi uma espécie de para raios, muito afetada pelas guerras e não foi restaurada. A ideia é que ela seja o símbolo do sofrimento causado por conflitos e inspire os jovens libaneses a buscar a paz – ela foi esculpida em bronze pelo artista italiano Renato Marino Mazzacurati, e o que se vê hoje é uma mulher perfurada por balas abraçando um jovem de braço amputado – a outra mão levanta uma tocha, como a Estátua da Liberdade.

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A estátua com a Mesquita ao fundo

É um lugar histórico onde os momentos mais importantes do Líbano passam, de uma forma ou de outra, por lá, ou seja, manifestações, comemorações, etc.

A praça está em reconstrução, em volta estão as sedes dos jornais libaneses, a Mesquita Al-Amine e também muitos prédios novos estão surgindo. Há um projeto para fazer um jardim com vista para o mar no meio da avenida, onde o visitante passara por séculos de história ao caminhar pelo local, pois haverá escavações desde épocas bem remotas até agora. Isso em razão dos sítios arqueológicos ali existentes. O projeto e a ideia são fantásticos e esperamos que deem seguimento para que, em breve, possamos conhecer mais deste lugar incrível.

 

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Vista desde a Mesquita Al Amine para o centro da praça
  • MESQUITA AL-AMINE

Esta mesquita é dedicada ao Profeta Maomé, o Fiel.* Por isso o nome dela é Mesquita do Profeta Mohammed al-Amine.

Ela é conhecida pelos estrangeiros como Mesquita Azul.


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Depois da guerra foi reconstruída por Rafik Hariri. Algumas pedras foram trazidas da Árabia Saudita, a “terra santa” do Islão. A arquitetura inspira-se na Igreja-Mesquita-Museu de Santa Sofia, na Turquia e tem uma estrutura de pedras pastel, algumas cinzeladas com arabescos que tem versículos do Alcorão. Coberta com sete cúpulas, uma delas – a de cerâmica azul – foi importada da Itália, dá-lhe charme particular. Seus quatro minaretes de 72m de altura cada, finas e pontiagudas do célebre arquiteto da corte imperial otomana do séc. XVI, Sinam, lembra a forma dos lápis. No seu interior, a arquitetura mistura estilos omíada, fatímida, mameluco e otomano. Os arabescos, com textos do Alcorão, foram cinzelados pelo grande calígrafo saudita de al-Medina al-Monawarat, Othman Tah. Os lustres em cristal foram fabricados especialmente para esta mesquita e prevêm da França e os lustres no exterior, da Turquia.*

Ela é linda, super grande, tem quase 10 mil m², capacidade para 5 mil pessoas na parte de baixo e, no mezanino, tem capacidade para 800 mulheres. Todas as fotos são de minha autoria. 

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Cada desenho (em preto) de estilo árabe no tapete é onde os homens devem ficar na hora da oração e a ponta de cada desenho está voltada para Meca = apontada para o Mihrab = parte principal da mesquita, é aquele nicho na parede com fundo azul que indica a direção de Meca. 

Impossível passar despercebida. Visita obrigatória.

Aberta para visitação, só não pode entrar nos horários de orações, que acontecem cinco vezes ao dia. A primeira sempre quando o Sol nasce e a última quando ele se põe. 

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Para entrar, as mulheres, em sinal de respeito, têm que se cobrir. Quem não tiver a roupa, não se preocupe, pois na entrada há uma “arara” com a vestimenta adequada, que se coloca por cima da roupa. As mulheres têm que cobrir os braços, pernas e cabeça, e TODOS tem que tirar os sapatos. 

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Ao lado da Mesquita estão os túmulos de Rafik Hariri e seus seguranças, mortos no atentado de 2005 (como contei aqui).

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# curiosidade: nos minaretes de todas as mesquitas vamos sempre ver 3 esferas com uma lua na ponta, as esferas são para simbolizar as 3 Mesquitas mais importantes do Islã – Mecca (Arábia Saudita), Medina (Arábia Saudita) e a de Jerusalém. 

  • RUÍNAS DA 1ª FACULDADE DE DIREITO

No séc III d.c. Septímo Severo fundou em Beirute a 1ª Faculdade de Direito do mundo – Escola de Leis, conhecida como “Escola de Direito de Béryte”, que se tornou célebre e sobrepujou as Escolas de Constantinopla, de Alexandria e de Atenas, igualando-se à de Roma.

Há registros históricos que dizem que durante os séculos III e IV d.C. vinham a Beirute estudantes de todas as partes do mundo romano para estudar na “Escola de Direito de Béryte”. *

De acordo com esses registros, há indicações de que a escola situava-se perto ou no interior da Igreja da Ressurreição – Anastasia -, destruída no ano 362 d.C.

Esta escola teve papel importante na constituição do Código Justiniano, o qual ele chamou de “mãe que alimenta as leis”. *

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  • SAINT GEORGE – CATEDRAL MARONITA CATÓLICA

Ela fica ao lado da Mesquita.  É a sede do arcebispado Maronita de Beirute.

Foi construída também sobre a estrutura de outra igreja, em 1754, pelo maronita, e ampliada em 1860. Em 1884, contudo, decidiu-se edificar uma nova catedral, agora inspirada na arquitetura da Basílica Santa Maria de Roma (Basilica di Santa Maria Maggiore), em estilo neoclássico. *

Ao lado esquerdo da catedral, iniciou-se em 2011 a construção de um grande campanário, paralelo aos quatro minaretes da Mesquita al-Amine, que já está pronto. Medindo 71 metros de altura, é a maior torre de igreja do Líbano. Infelizmente não conseguimos entrar na catedral, pois estava fechada para reparos. Na foto abaixo, dá para ver os minaretes da Mesquita e a cruz da Igreja do mesmo tamanho. Tem algumas horas do dia em que os sons se misturam, os sinos da Igreja e os cantos das Mesquitas. 

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foto extraída da Internet

São Jorge é patrono de várias igrejas em Beirute por ser considerado o santo patrono de Beirute, pois segundo a tradição São Jorge matou o Dragão na cidade de Beirute. 

  • PLACE DE L’ÉTOILE ou NAJME SQUARE

É a praça central de Beirute e está situada no coração da cidade. Foi toda reconstruída seguindo a arquitetura tradicional. 

No seu centro está a torre do relógio (doada em 1933 pelo emigrante líbano-mexicano, Michel al-Abed), com quatro grandes relógios Rolex. Interessante observar que toda esta área foi local de intensas batalhas durante a guerra civil e a torre do relógio foi salva graças ao fato dela ter sido removida, bloco por bloco, para outra região de Beirute logo no inicio da guerra.* 

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o Parlamento é este prédio que está bem à esquerda na foto
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painel do aeroporto – antes e depois da Guerra

Todas as ruas desta parte central levam ao local onde está o relógio. Ao lado, está o Parlamento libanês – construído, como quase tudo em Beirute, sobre ruínas romanas e, neste caso especialmente, sobre as do presumido Foro ocidental da cidade romana. * 

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Parlamento
  • MESQUITA AL-OMARY 

Inicialmente era uma igreja dedicada à São João Batista, construída no tempo das cruzadas – 1113 à 1115. Foi ocupada e reocupada repetidamente por diferentes grupos em guerra, tornando-se depois a Grande Mesquita de Beirute.

O local tem um significado religioso e histórico importantíssimo, já que a igreja foi construída sobre um templo romano pagão, para transformar-se depois num igreja rito bizantino, e por fim, na mesquita que é atualmente. Segundo a tradição muçulmana encontra-se nessa mesquita o braço de profeta João Batista. Até 1892 a mesquita de Beirute possuía uma caixa contendo três fios da barba de profeta Maomé, mas por causa da invasão israelense em Beirute a caixa foi levada para o Museu de Istambul.

Dentro dela há uma gaiola de aço dourada, presente do sultão Abdul Hamid II à Beirute, envolve um santuário preservado para João Batista.

  • SUK DE BEIRUTE

Suk significa mercado e este fica em Downtown. Ele foi destruído e sua reconstrução trouxe uma versão moderna de um Suk Árabe, parecido com um shopping, com partes abertas e alguns corredores fechados. Ele ainda é divido em “especialidades”, como o Suk tradicional, com a parte de jóias, a de comidas, de tapetes, etc. Mas tudo muito moderno e com várias lojas internacionais, como Zara, H&M, Armani e Hermès.

Ele tem 100.000 m² de construção e aproximadamente 200 lojas, dentre cinemas, supermercado, restaurantes, cafés, etc.

Antonio e eu não gostamos muito dessa “nova” versão, mesmo não conhecendo a antiga, mas quando um ocidental vai para o Oriente Médio tem na cabeça aquela imagem dos mercados “bagunçados”; vendendo de tudo, com uma atmosfera intrigante, ou seja, diferente do lugar comum, dos shoppings que estamos acostumados. Tivemos a oportunidade de ver esse mercado típico em Sidon, mas sobre este vou falar mais para frente aqui no Blog.

Durante a demolição nos anos 1990, do antigo suk que estava em ruínas por causa da guerra civil, foram descobertos vários vestígios arqueológicos e estes foram integrados na nova construção. *

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Obs.: não consegui mais fotos do Suk, pois estávamos tão entretidos nas “aulas de história” com o Roberto que esquecemos de tirar fotos 🙁 

  • GRANDE SERRALHO – GRAND SERRAIL

O edifício foi construído em 1853 pelos otamanos para lhes servir de quartel militar e que depois da queda tornou-se a sede do governo francês; atualmente é a sede do Conselho de Ministros. Foi da varanda deste edifício que se proclamou a independência em 1943. *

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Logo abaixo do Serralho, no fim dessas escadas, vamos encontrar as Termas Romanas.

  • TERMAS ROMANAS

Também conhecida como Leila Osserian Garden.

É o jardim dos Banhos Romanos – combina arqueologia e paisagismo, proporcionando um local ideal para concertos ao ar livre e eventos, principalmente no verão.

Construídas no séc. I por Agripa. São 135 canalizações de água que a levam a uma piscina. O sistema de aquecimento no solo é constituído de pequenas colunas formadas por discos de cerâmica, entre os quais circulava a água quente para aquecer a sala. *

Esse banho foi descoberto depois da guerra, uma vez que o centro foi destruído. Na reconstrução, acharam esse local e muitos outros. 

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# Dica da Fê: todos esses lugares citados acima são muito próximos, então a melhor coisa é fazer tudo a pé.

E se você acha que as atrações em Beirute acabaram, está muito enganado, tem muito mais coisa para o próximo post. Não percam! 

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*Obs.: as informações com * foram tiradas do Guia: Líbano – Um oásis no Oriente Médio – Roberto Khatlab. Como mostrado nesse post.  O guia pode ser encontrado nas lojas Maxifour no Brás e em Moema.

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